Os principais desafios para a Inovação em 2022

Por EloInsights

  • Velocidade da transformação trazida por inovações tecnológicas continuará aumentando ao longo deste ano, desafiando as estruturas das organizações.  
  • Empresas que conseguirem unir inovação com excelência operacional estarão mais preparadas para navegar neste novo cenário. 
  • Reportagem levanta, em nove áreas, alguns dos principais desafios para a inovação em 2022. 

O ano de 2021 terminou, mas as transformações que afetam as indústrias, movidas pela evolução tecnológica e aceleradas pelos impactos da pandemia da Covid-19 e por outras mudanças sociais e econômicas, estão apenas começando. 

Sabemos que, de forma geral, uma nova maneira de encarar a gestão das organizações, que integre excelência operacional com inovação, será essencial para navegar por esse cenário. Os líderes de hoje precisam ser capazes de enxergar os desafios do negócio através da lente da tecnologia e trazer especialistas técnicos para junto da solução. Apenas assim serão capazes de encontrar oportunidades que de outra forma estariam invisíveis. 

Metaverso, tokens não-fungíveis, analytics, blockchain, inteligência artificial e muitas outras tendências tecnológicas que já despontavam ano passado devem ganhar ainda mais tração e relevância em 2022, com mais empresas aportando recursos para desenvolver soluções inovadoras em cada uma dessas áreas.  

As organizações que forem capazes de capturar o valor dessas e de outras oportunidades estarão mais aptas a sobreviver no longo prazo. Vale lembrar que isso precisa estar conectado a um forte senso de propósito, obsessão pelo cliente, e fundamentado em uma cultura de experimentação capaz de viabilizar que diferentes inovações possam ser testadas rapidamente, e aquelas bem-sucedidas integradas e escaladas.  

Além desses desafios gerais que todas as empresas precisarão encarar para inovar de forma sustentada ao longo de 2022, cada indústria terá que se deparar com desdobramentos específicos desse quadro. Neste artigo, elencamos desafios-chave da inovação no mercado, provocando e inspirando os líderes a prepararem seus negócios para o futuro. 

Serviços Financeiros

Segundo levantamento do Instituto Locomotiva, ainda existem 34 milhões de brasileiros sem conta bancária ou que usam uma com pouca frequência, o que representa 21% do total da população sem acesso ou com acesso limitado a instrumentos financeiros. Ainda de acordo com o estudo, essa parcela movimenta anualmente cerca de R$ 347 bilhões.  

A digitalização da sociedade se acelerou depois do início da pandemia de Covid-19, mas ainda existe uma enorme lacuna no alcance de serviços financeiros dentro da população brasileira, o que se traduz também como oportunidade para organizações dispostas a dobrar as convenções e inovar neste setor. Esses são alguns dos números que demonstram que o fenômeno das fintechs veio para ficar, e continuará a ganhar tração.  

Uma pessoa manuseando cartão de crédito e um celular.

Contas digitais sem taxa e cartões gratuitos são o “novo normal” desse cenário que exige das empresas robustas estruturas tecnológicas para lidar com o aumento de tráfego e analisar dados para melhoria dos serviços. Ao mesmo tempo, a segurança dos usuários segue como prioridade para evitar fraudes em um contexto de maior fluidez de acesso e transações.  

Na ponta dos “hard users” o setor também enfrenta mudanças, com uma demanda crescente por um cardápio mais diversificado de produtos e serviços, que incluem mais oportunidades de investimentos e formas inteligentes de usar, poupar e fazer render o dinheiro. Tecnologias de fronteira, como a blockchain e as criptomoedas, seguem seu processo de infiltração no mainstream e se tornam cada vez mais populares dentro de um espectro mais amplo da sociedade, o que significa que tanto as fintechs quanto instituições mais tradicionais precisarão se ajustar para dar conta dessa nova realidade, também. Isso se traduz em ainda mais desafios de desenvolvimento tecnológico, e uma maior exigência de trazer a tecnologia como uma lente para ver novas oportunidades para o negócio.     

Saúde

Uma série de desafios estruturais se apresentam no setor de Saúde no Brasil, que nos últimos anos esteve no centro da maior crise sanitária da história recente com a pandemia da Covid-19. Desafios esses que demandarão o uso da tecnologia como peça chave para que soluções eficazes sejam encontradas e implementadas em escala, em um país com população de mais de 212 milhões de habitantes, e onde a assimetria no acesso a serviços de saúde ainda é fortíssima.  

Levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que cerca de 70% dos brasileiros dependem de serviços públicos de assistência à saúde. Enquanto isso, no setor privado, especialistas destacam problemas de burocracia, falta de interoperabilidade e desperdício como algumas das barreiras para uma Saúde mais eficiente para o consumidor final, a população. Uma estimativa da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) aponta que cerca de 30% dos gastos com saúde privada no Brasil são desperdícios que, segundo a organização, poderiam ser evitados. 

Ao mesmo tempo, o valor gasto com saúde no Brasil equivale a 9,2% do PIB, segundo dados do IBGE. Não à toa, o mercado de healthtechs, startups que buscam inovar nesse setor, é um dos mais aquecidos do país no momento, com volume de investimento de US$ 216 milhões nos primeiros sete meses de 2021, segundo dados da Distrito; quase o dobro do total investido no setor em 2020. A pesquisa aponta a existência de mais de 900 startups nesse segmento. 

Todas essas empresas buscam utilizar a tecnologia como uma lente para enfrentar diferentes desafios que se apresentam ao longo da cadeia.  

Algumas das tendências nesse sentido incluem a expansão do cuidado virtual, via telemedicina, que durante a pandemia se mostrou uma poderosa aliada para aliviar a pressão sobre o serviço de saúde; o uso de inteligência artificial e da análise de dados como ferramenta para apoiar a tomada de decisão médica humana; além dos wearables como fonte de informações sobre o estado de saúde do usuário em tempo real. Entra também a integração desses dados com uma rede com maior interoperabilidade, em que informações dos pacientes possam transitar entre laboratórios, hospitais e médicos de forma mais rápida e fluida, apoiando um cuidado contínuo e integral. 

Energia

Discussões em torno do ESG (Environmental, Social and Governance) continuarão a ganhar força, depois de um aumento importante nos investimentos nessa área durante a pandemia da Covid-19. Segundo um levantamento da Global Institutional Investor Survey, nesse período, 77% dos investidores ampliaram significativamente os investimentos em ESG. Sinal de que o mercado segue se alinhando a novas demandas sociais, puxadas pela geração Z, mais atento à importância da ação responsável em relação ao planeta e às pessoas. Os holofotes se voltam a temas como mudanças climáticas, a eventos que ditam acordos globais, como a COP26, e a estudos científicos. 

Nesse contexto, fontes de energia renovável ganham terreno, apesar da falta de consenso sobre quanto tempo levará essa transição, que oscila também a depender da geografia. Ainda de difícil acesso e alto custo, a energia geotérmica corresponde a 0,3% da geração de eletricidade no mundo, mas já ganha impulso. Os EUA pretendem investir US$ 84 milhões em quatro plantas para testar sistemas experimentais que aproveitam o calor das profundezas da Terra. A aposta é em consistência: além de limpa, não depende do clima como as energias eólica e solar. 

Um dos grandes desafios já colocados é a descarbonização, ou seja, a drástica redução de emissões, prevista nas metas para a próxima década de gigantes da indústria. Na petroquímica, surgem soluções de captura de carbono, com a produção de plástico ainda a partir do petróleo, mas com impacto muito menor ao meio ambiente.  

Há também uma busca pela eficiência energética, seja de motores ou de equipamentos em geral. Já são realidade sondas de perfuração híbridas, movidas em parte por baterias, e motores que ganham aditivos como hidrogênio para diminuir a demanda por diesel. Entra também o uso de inteligência artificial para garantir a qualidade da operação de equipamentos sensíveis e de segurança. 

O setor de Energia, Óleo e Gás, muitas vezes visto como tradicional, terá que abraçar o seu caráter desbravador. A produção de petróleo mais limpo, as emissões perto de zero e a transição energética representam uma guinada. Inovação, digitalização e as novas tecnologias são cruciais para diversificar matérias-primas e minimizar custos sem deixar de priorizar a segurança das operações. 

Agronegócio

Aumentar a produtividade para garantir a segurança alimentar de cerca de 1 bilhão de pessoas que ainda não têm acesso a uma dieta saudável no mundo e 2 bilhões que irão nascer até 2050, segundo a ONU. E fazer isso sem ampliar a fronteira agrícola, pelo contrário, com a perspectiva de reduzi-la. Esse é um dos grandes desafios do agronegócio, que hoje representa uma parte massiva da economia brasileira: segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Produto Interno Bruto (PIB) do agro cresceu 9,4% em 2021 em relação ao ano anterior, o que equivale a 29% do PIB total do Brasil. Em 2020, o PIB do agro já representava 27% do PIB nacional. 

Atingir esses objetivos em tamanha escala será impossível sem o uso da lente da tecnologia aliada ao antigo paradigma da química, biologia e mecanização, responsável nos últimos anos pelo aumento da produtividade no campo. Agora, o produtor precisará aliar esses elementos a inovações digitais como o uso de dados, inteligência artificial e blockchain para garantir o próximo salto de produtividade. 

Foto de uma plantação de uvas

Antes, o produtor rural contava com sua capacidade de tomada de decisão intuitiva para fazer diversas escolhas importantes para o seu negócio: do momento certo para a plantação à quantidade de água utilizada na rega ou de herbicida aplicado. Agora, entra o desafio de compreender como as novas tecnologias digitais podem ajudá-lo a tomar decisões mais assertivas, como o uso de sensores para orientar aplicação de água, registros meteorológicos para otimizar plantações, e blockchain para garantir a rastreabilidade da produção. Entram aí ainda a análise de dados genéticos para a melhoria de culturas, tecnologia de inteligência artificial e visão computacional para a automação de tratores, e para a aplicação individual de herbicida, de acordo com a necessidade de cada planta, e não mais de forma genérica.  

Varejo

O salto nas vendas online fez com que 2020 fosse um ano histórico para o setor, com crescimento de 41% do faturamento de compras e vendas pela internet, a maior alta desde 2007 segundo o estudo Webshoppers, da Ebit/Nielsen & Bexs Banco. O consumo digital, impulsionado pela pandemia da Covid-19, continuou a demonstrar seus efeitos ao longo do ano passado. Segundo uma estimativa da Confederação Nacional do Comércio, as vendas no Brasil tiveram salto de 38% em 2021, movimentando cerca de R$ 300 bilhões.  

Além das óbvias oportunidades com esse aumento drástico na demanda, o setor do varejo está desafiado a se adaptar à necessidade de robustas estruturas tecnológicas. Um exemplo está nas chamadas ferramentas headless commerce, que separam o front-end, ou a interface que o cliente vê, de funções como processamento de pagamentos e controle de estoque, ou o back-end. Em resumo, facilitam as vendas em plataformas e tornam possível uma jornada omnichannel: seja pelo site, seja em mídias sociais como o TikTok, seja por comando de voz via devices como a Alexa.  

Não se trata mais de ter uma loja virtual que atenda à nova elasticidade no volume de acessos, e sim de entregar a melhor e mais relevante experiência ao consumidor. A jornada de customer lifecycle torna-se impecável, principalmente da perspectiva da customer experience, com a introdução de algoritmos, tecnologia de inteligência artificial e robotização para otimizar todos os processos, inclusive a logística de entregas.  

Para fidelizar consumidores, agora vale incorporar tecnologias de criptomoedas como fez a Mastercard, oferecendo tokens digitais que podem ser gastos posteriormente em formato cashback, em um universo onde as relações estão mais fluidas e as barreiras para um cliente escapar para a concorrência praticamente não existem mais.

Mulher fazendo compra em tela de auto-atendimento de loja

A difusão da Radio Frequency Identification (RFID), uma tecnologia sem fio para captura de dados, permite identificar a localização de objetos, pessoas ou animais. Para o varejo tem inúmeros usos. Significa elevar a 98% a acurácia na gestão de estoque, permitindo cruzar informações com as lojas virtuais para expor até a última peça em diversos meios.  Startups já cumprem a missão de auxiliar lojas e espaços comerciais a mapear as rotas dos consumidores, fazer análise de calor de acordo com o layout das lojas e da disposição de corredores e gôndolas. Além de garantir a contagem e o monitoramento de clientes, descobrindo zonas mortas nesses espaços. 

As empresas tendem a multiplicar as apostas em experiências locais como forma de contrabalancear o esvaziamento de lojas durante a pandemia. As lojas sem caixa da Amazon Go são sempre referência, mas outra tendência já foi adotada pela rede norte-americana Kroger, com carrinhos inteligentes em que os consumidores já embalam e digitalizam os itens durante a compra, agilizando a saída pela área de autopagamento. O Sam’s Club e o Walmart já permitem que as compras sejam finalizadas por meio de seus aplicativos nos pontos de venda, dispensando a passagem pelos caixas. 

Outro ponto importante é o rigor em relação a práticas sustentáveis, dentro da organização e entre fornecedores. Segundo uma pesquisa de 2019 da IBM, 79% dos consumidores achavam importante que as marcas fossem capazes de garantir certificações de itens comercializados, e 71% desses diziam estar dispostos a pagar mais caro pela transparência. Fornecedores com práticas trabalhistas abusivas, ou que não se alinhem aos conceitos fundamentais de sustentabilidade do ESG, não são mais aceitos nessa nova realidade.  

Transporte e Logística

A crise sanitária mundial continua impactando globalmente a cadeia de suprimentos. Após maciço fechamento de fábricas e negócios, além de um boom do e-commerce, o ano de 2021 acrescentou inflação e problemas de logística à equação. Os congestionamentos em portos se intensificaram e, no Brasil, extremamente dependente do transporte rodoviário, o aumento dos combustíveis e dos fretes soa muitos alarmes.  A escassez de materiais ainda é implacável e agita a flutuação da oferta e da demanda, já resultando em aumento geral dos preços ao consumidor.  

A chamada supply chain 4.0 já derruba muitas barreiras. O uso de digital twins, que viabilizam simulações digitais em fábricas e armazéns, tornam as mudanças mais assertivas. A sensorização de máquinas que dão feedback sobre a capacidade de produção, robotização, drones e outros equipamentos conectados agilizam a movimentação de centros de distribuição e o controle de oferta e demanda.  

As control towers rastreiam frotas inteiras com GPS e outros dispositivos de controle com baixo consumo energético. A telemática expande mercados com uma rede de transmissão a distância de dados relativos a pneus, motores, baterias de veículos e agrega inteligência a diversos atores do ecossistema, como transportadores, seguradoras e administradoras de rodovias. 

O cruzamento de informações – como o valor total, o volume da carga transportada e o regime de carga e descarga, aumenta a eficiência dos processos e viabiliza o corte de custos. É a realização da mentalidade orientada a dados e à experimentação como forma de encontrar oportunidades e soluções. Caminhões autônomos com tecnologia de visão computacional também entram na lista de tecnologias que prometem revolucionar o setor.  

Navio cargueiro

O estudo Cadeia de Suprimentos Digital 2025, da PwC, mostra que 41% das empresas brasileiras já implementaram inovações como sistemas complexos de gestão e otimização por meio de ominichannel. Globalmente, 82% das empresas que se destacam digitalmente se baseiam em logística inteligente. Segundo o Gartner, 80% das vendas B2B serão feitas digitalmente até 2025, o que só reforça a evolução dos ERPs (Enterprise Resource Plannings), ou sistemas integrados de gestão. 

Um novo horizonte desponta com a adesão a smart contracts (contratos inteligentes), firmados pela difusão da blockchain e que revolucionam e dão transparência à relação entre fabricantes, fornecedores e clientes. Com a queda do preço da tecnologia em nuvem, mais empresas poderão acessar softwares avançados para uma robusta análise de dados. Equipamentos e veículos automatizados devem ser cada vez mais presentes, viabilizando entregas em curtíssimo prazo, como já faz a Amazon Prime Air para alguns clientes – em apenas 30 minutos.  

Se a pandemia foi um ponto de virada, vivemos um momento de retomada das economias e de reestruturação de toda supply chain. O futuro passa pela expansão local, que barateia a logística e diminui o teor de emissões, significando menos riscos com turbulências macroeconômicas e estimulando pequenos negócios. Tudo isso requer resiliência e a construção de confiança para diversificar os fornecedores, renovar acordos logísticos e levar ainda mais inteligência à operação.

Pessoas

A pandemia da Covid-19 escancarou uma crise que já vinha dando sinais nos últimos anos: o de colaboradores que enfrentam problemas de saúde mental, como estresse agudo, depressão, ansiedade, e síndrome de burnout.  

De acordo com números de uma pesquisa da revista HR Executive, o número de colaboradores com níveis extremos de stress, cansaço ou risco de depressão aumentou cerca de 102% nos Estados Unidos depois da pandemia. No Brasil, uma pesquisa da ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil) aponta que 30% dos profissionais sofrem de burnout. 

Ainda que haja um movimento gradual de retomada de escritórios, esses sintomas não devem desaparecer completamente tão cedo, e muitas das mudanças nas lógicas de trabalho, como horários mais flexíveis, e uma integração mais fluida com a vida pessoal dos colaboradores, devem permanecer, demandando o uso da tecnologia para encontrar formas de garantir o bem-estar e a retenção desses talentos no longo prazo.    

Por exemplo, a análise de dados obtidos a partir de plataformas de colaboração pode ajudar os gestores a traçar um mapa de áreas dentro da empresa com colaboradores mais sujeitos a burnout, e assim tomar decisões no sentido de desafogá-los. Essas informações podem auxiliar também a estabelecer uma cultura de reuniões mais saudável que otimize o tempo destinado a atividades que exigem concentração, assim como estratégias de mentoria e suporte mais sólidas entre gestores e colaboradores, com mapeamento de volume de reuniões de feedback, por exemplo.  

Formatos híbridos, onde os colaboradores têm mais liberdade para escolher como e de onde vão trabalhar, seja de casa, de um escritório ou de um espaço de coworking, também seguirão em ascensão, tudo para garantir as maiores chances de atrair os melhores talentos, em um contexto em que as empresas terão uma disputa cada vez mais acirrada por esses profissionais.   

Novas tecnologias, como de realidade virtual e metaversos, também prometem transformar ainda mais a realidade do trabalho remoto. O Facebook, por exemplo, já demonstrou um software capaz de colocar pessoas em ambientes de trabalho virtuais, com réplicas digitais, para reuniões à distância, com direito a mapeamento dos movimentos dos corpos dos participantes, para garantir a fidelidade da experiência no mundo físico.  

Governo

A tendência da digitalização e a necessidade de integrar excelência operacional com inovação é uma urgência contemporânea que não se apresenta apenas para as organizações privadas, mas para as públicas também. Com o avanço no uso de plataformas digitais, organismos estatais precisam garantir uma boa experiência do usuário, e mais, zelar pela eficiência de um grande número de processos em serviços, nas mais diversas esferas da máquina pública. 

O uso inteligente de recursos é uma demanda crescente, principalmente em um contexto de crise como a trazida pela pandemia da Covid-19. Utilizar a lente da tecnologia e explorar a análise de dados para encontrar soluções inovadoras nesse sentido torna-se, então, essencial. 

Um dos exemplos do uso dessa lente está na automação de processos: a união de ferramentas low-code, que demandam pouca ou nenhuma programação, com a disciplina de gestão de processos para automatizar serviços públicos, otimizá-los e reduzir drasticamente os custos dos mesmos. A Hyperautomation, eleita pelo Gartner como uma das principais tendências tecnológicas da atualidade, inclui ainda o uso de inteligência artificial e machine learning para identificar de forma sistemática processos que podem ser automatizados, trazendo ainda mais ganhos de velocidade e eficiência. 

Quando olhamos para um horizonte de mais longo prazo, outras inovações também entram no cardápio de possibilidades para atingir esses objetivos de uma gestão mais racional, como a blockchain, que permite maior transparência em contratos, melhora a possibilidade de auditoria e minimiza a chance de ocorrência de corrupção. 

Mídia e Telecom

A chegada do 5G ao país, estimada para o segundo semestre de 2022, promete sacudir diversos setores, agregando maior qualidade e velocidade em um menor tempo de resposta. Com potencial disruptivo, especialistas apontam que pode movimentar US$ 1,2 trilhão até 2035, expandindo tendências como armazenamento em nuvem, internet das coisas (IoT) e interações feitas com inteligência artificial. Com maior estabilidade, será possível acessar chamadas de vídeo mais nítidas e ter melhores transmissões ao vivo de eventos e de jogos online.   

A melhora da conexão favorece ainda mais o cenário para novas plataformas. A adesão a assinaturas e serviços de streaming e vídeos sob demanda aumenta globalmente. Dados da MPA (Motion Pictures Association) mostram que houve alta de 34% na receita e de 26% em número de assinaturas de plataformas, que chegaram a 1,1 bilhão em 2020. Estima-se que o tamanho do mercado global de streaming de música cresça 19% em CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta, em inglês), com receita superior a US$ 7 bilhões entre 2021 e 2024. 

No Brasil, a Kantar Ibope aponta que 20% dos aparelhos de TV ficam diariamente sintonizados apenas em serviços de streaming. Em 2022, a empresa global de inteligência de mídia passará a medir e projetar comparativos para séries on demand, programas de TV e conteúdo de plataformas como o TikTok. 

Duas mulheres usando capacetes de realidade virtual

Segundo o relatório Tendências e Previsões de Mídia 2022, elaborado pela Kantar, o modelo de como a mídia é comercializada na internet também está se remodelando. A adequação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e outras mudanças à vista, como o fim do uso de cookies, são convites à experimentação para veículos e anunciantes. Um caminho é a abordagem híbrida, que valorize a privacidade e o consentimento de usuários, e combine dados proprietários com fontes externas de alta qualidade.  

Nas mídias sociais, os vídeos curtos devem continuar reinando, assim como a associação a influenciadores e seu público cativo e engajado. Além disso, os consumidores irão cada vez mais experimentar produtos e interagir com as marcas através da realidade virtual (VR) e da realidade aumentada (AR) nessas plataformas. 

Nos próximos anos, a conectividade promete, literalmente, alcançar as estrelas – haja visto o projeto Starlink, do bilionário Elon Musk, que deve lançar 42 mil satélites de baixa órbita até 2027 para oferecer internet de alta qualidade inclusive nos lugares mais remotos do planeta.  

Novas tecnologias, como o metaverso, romperão fronteiras na interação com os clientes, por isso, criar uma aproximação ainda maior é primordial. Sair na frente exige adaptação, testagem e experimentação, aliadas à qualificação, integração, uso e melhor abordagem de dados no desenvolvimento de produtos e serviços que tragam conveniência, valor, sustentabilidade e inovação. 

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